quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O que dizer da minha “consciência” política?!

A vida é feita de conflitos, alguns são como duelos “casados” previamente, tipo luta de MMA, ou Mixed Martial Arts (descendente do épico “Vale-Tudo”), na qual o adversário é pré-definido, com possibilidades de prévios estudos a respeito deste, e assim ampliar as possibilidades de uma vitória. No melhor estilo Sun Tzu. Outros surgem tipo “inimigos em série”, ou seja, tipo campeonato de jiu-jítsu, confronto por meio de chaves, onde já sabemos: quantos oponentes, seus nomes (alguns até com possibilidade do estudo já mencionado). Porém, a cada eliminação de um oponente, este não traz mais riscos e passa a agregar algo, seja “positivo” ou “negativo”, sendo então o foco e o desafio apontado para o próximo lutador. E, por fim, as adversidades podem surgir de forma múltipla simultânea, variável, tipo briga de rua inesperada, exigindo conhecimento de Defesa Pessoal. Nelas temos definidos vários opostos, muitos, as vezes, até imperceptíveis. Um triuvirato de Náutico, Sport e Santa, no qual no jogo dehoje o rubro negro é inimigo, no próximo o tricolor protagoniza esta função. Noutro dia os dois ao mesmo tempo são os arquirrivais. Ainda tem a pior situação, quando não se está diretamente no confronto, ter que torcer pelo benefício de um vencer o outro (o empate não é opção), não achar ruim determinada torcida ficar feliz, sem, contudo, apesar do resultado necessário, não se livrar do: “sua infelicidade me incomoda”.

No entanto, uma coisa é comum nos embates: o lado oposto, adversário (“ários”), fixos ou mutáveis; momentâneos, duradouros ou permanentes- Breaking Bad nos traz a fantástica experiência de mudarmos de lado, virar a casaca, a cada novo mote, a cada nova ótica do caos.

Em várias áreas da vida estes conflitos definem caráter(s) e comportamentos. Na religião são definidos o “deus” e o “diabo”- ou os respectivos plurais- com isso: o bem e o mal, o certo e o errado, a virtude e o pecado, a justiça e a injustiça, o herói e o vilão, (...) e tantos outros antônimos que são ideologias e crenças impulsionantes naturais da vida.

Como já sabido, essas ideias são perfeitamente ideológicamente opostas, ou seja, um raciocínio lógico matemático, muito objetivo e seguro para definir a complexidade dos embates verbais da humanidade (capacidade fantástica. Salvem os curiós). A negação de um é perfeitamente o inverso a afirmação do outro, uma verdadeira relação P e ~P. Se você não faz o certo, então faz o errado; se você não agrada a deus, então está agradando ao diabo; se você não faz o mal, então faz o bem... Óbvio essa visão é necessária para soluções essênciais,... e “pá rá rá...” Dr. Charles Zambohead.

Porém, isso muito tem me incomodado de uns anos pra cá, mas não na dificuldade em definir o que seria o meu “bem” e o que seria o meu “mal”, quem é o meu Deus, e quem são meus “inimigos”... Atormentam-me as definições por expressar, muitas vezes quando solicitado, minhas “opiniões políticas”. Quando digo que sou contra a pena de morte, ou que os governos deveriam efetivamente implantar políticas públicas que buscassem a ressocialização dos presos (com alimentação devidamente balanceada, sem deficit de vagas, com opção de trabalho para todos, capacitação), sou taxado de “bonzinho”, que queriam ver se fosse um criminoso o qual tenha me atingido, ou vitimado alguém da minha família. Na sequência sou logo indagado se meu pensamento seria o mesmo.

Quando sou contra redução da “maior” (menor, pela minha ótica) idade penal, sou taxado a “santo” e desafiado a levar um “menor” que cometeu um crime para minha casa. No momento em que opino contra a atual política ante drogas do Brasil, (quando não agourado, com o dissimulado: “Queria ver se...”, para que um ente meu fosse dependente químico de alguma droga “proibida” ) sou induzido e jogado num efeito borboleta que me remete um mundo de zumbis, onde todos andam chapados e alienados (como se só existissem alucinógenos no rol taxativo das ilícitas), ou então, onde todos agem loucamente, com selvageria, brigas, acidentes de trânsito, sujeira pelas ruas,... (esses efeitos que algumas drogas já legalizadas provocam, porém, na “profecia” argumentativa dos visionários, com um pouco mais de intensidade - tipo greve da OCP em Robocop …). Isso finalizado com uma voz na consciência que diz: “tá vendo? Num era isso o que você queria?”.

“Não sou PSDB”, logo, sou petista, comunista, venezuelano, cubano, (devo ter alguma tatuagem do busto do Che!). Essa tem sido a campeã em universalidade. Por não acreditar nos tucanos, isso não deveria me tornar um lulista. O fato é que não percebem que a oposição de hoje repete, basicamente, o mesmo discurso dos opositores de ontem. Com uma diferença: os 'opositores de ontem', chamemos assim, eram inéditos no poder suprassumo do Executivo nacional; os de hoje, já tiveram essa oportunidade. Lembremos. Outra divergência: políticos do alto escalão do governo foram presos, financiadores (desde antes) do poder, também. Estão atrás das grades. No passado seriam todos honestos ou inimputáveis? Ainda os são ou serão?

Chamam de “burros” e “alienados” quem votou na Dilma “apenas” por se beneficiar dos programas sociais. Não posso adjetivar assim quem já passou fome e agora tem um Bolsa Família pra alimentar seus filhos (nem proclamar o fim do programa pelo fatos de existirem fraudadores). O interessante é que muitos desses que apontam os eleitores vencedores como responsáveis pela desenvoltura da atual crise, não percebem que têm sua parcela de culpa. O atual quadro econômico (somados a outros fatores, óbvio) é oriundo de uma política econômica, que muitos economistas independentes já apontavam como irresponsável e de consequências duríssimas, que não foi criticada quando se tinha acesso às viagens (o velho pacote da CVC), o novo carro zero, a alta avassaladora do mercado imobiliário, ganhos nas ações da Petrobras, etc.

Agora a situação campeã em absoluto: Quando digo: “não votarei em Bolsonaro se ele for candidato”. Sou enquadrado, ao mesmo tempo, em todas as ocasiões e definições equivocadas dos exemplos já narrados (além de outras mais).

Bolsonaro é uma falácia, um marqueteiro do senso comum, um retrocesso,... não é ser a favor da polícia. É valorizar um modelo de “polícia” contra o qual luto (jamais sozinho) para que seja exorcizado da cultura policial. Pois são muitos dos resquícios negativos dessa “polícia” que, quando se consegue apagá-los (mesmo de forma temporária ou na mais ínfima atitude) aproximamos a sociedade a uma polícia republicana; uma polícia que não abaixa a cabeça para “defensores” dos Direitos Humanos, porque ela, a polícia, é uma das principais forças estatais instituídas para garantirem tais direitos acima de qualquer outro; uma polícia em que a corrupção interna é abjurada, principalmente pelos seus, que não hesitam cortar da própria carne, uma polícia que não pré definem "inimigos" por condição ou endereço.

Ninguém é imune de sofrer taxação ou de taxar o seu bizarro. É como a ciência da economia bem nos ensina, principalmente quando temos recursos escassos: uma escolha, necessariamente, nos remete a uma não escolha. Ou seja, para ser assim, não posso ser assado; para ter isso, tenho que abrir mão daquilo. Quem gasta para construir presídios, deixa de gastar para construir escolas (ou creches, ou praças, ou bibliotecas, ou hospitais, ou …, ou ...).


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