sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Riphcefalus sanguíneos e a perpetuação da criminalidade.


O Riphcefalus sanguíneos é um parasita, popularmente conhecido como carrapato. Mais precisamente o carrapato do cachorro. Ele se alimenta de sangue e, ao contrário do que muita gente pensa, ele mal permanece no animal. Durante as várias fases do seu ciclo, ele “desce” do animal e muta-se no ambiente. Resumindo, basicamente só sobe no animal para se alimentar e acasalar. Porém, é durante a sua alimentação que o parasita finca suas ventosas, lesionando a pele, expondo-a a infecções secundárias (piodermatites), ou transmitindo hemoprotozoários, como a babesia sp e a erliquia canis, esses extremamente nocivos à saúde do animal, podendo deixar seqüelas e, dependendo da velocidade do diagnóstico e outros fatores, levar a morte.
Porém, muitos acreditam que a solução está no extermínio voltado para os carrapatos que estão no animal - em cima da pele do cão - ou se alimentando, ou “fazendo amor”. Seja catando um por um, o que aumenta o risco do animal contrair uma piodermatite, seja intensificando banhos nos animais com produtos extremamente tóxicos, inclusive para o cão, muitas vezes fabricados para serem usados em animais de grande porte, bovinos por exemplo. Ignorando que boa parte do problema a ser solucionado encontra-se no ambiente, e em um ambiente extremamente favorável, em termos de umidade e temperatura. Fêmeas conseguem por de 2000 a 4000 ovos, que eclodirão milhares de larvas, já órfãs, que evoluirão para milhares de carrapatos. Sem falar que em certas fases “encasulados”, estes parasitas conseguem resistir a tratamentos pontuais do ambiente, continuando seu ciclo quando o ambiente mostrar-se favorável novamente.
Saindo das ciências naturais, pragmáticas e simples de entender e controlar, como diria Max Weber, “suas tendências”, sendo enfadonho em cruzar medicina veterinária e segurança pública, qualquer semelhança entre o modelo supracitado e a equação REPRESSÃO X PREVENÇÃO, é mera coincidência.
VAMOS TRATAR O AMBIENTE!! É MENOS DANOSO E MAIS EFICAZ!!

P.S.: Aos amigos vet. Perdoem algum lapso, afinal, já são quase 5 anos longe da vet.

terça-feira, 19 de julho de 2011

PODE ATÉ NÃO FAZER A DIFERENÇA, MAS SEI QUE TO FAZENDO DIFERENTE


Fui surpreendido hoje com a colocação de uma futura colega de trabalho, “ vou estudar pra passar em um outro concurso, Segurança Publica não dá pra mim não...”, isso antes de ter sua aprovação em um concurso público homologada e, consequentemente antes de ser nomeada. Rebati dizendo: “Há! Mas às vezes quando ‘entramos’ mudamos de idéia...” na tentativa de ‘defender’ minha mais sólida escolha profissional, dentre três, e a de maior investimento até o momento, seja em carga horária, em estudo e a de maior parcela no meu orçamento.
Foi quando ela veio me mostrar que estava embasando o seu raciocínio em bases mais sólidas e racionais, ela falou: ”O negócio (Segurança Publica) é um câncer. Vem corrompido de cima pra baixo, tudo contaminado”. Beleza! Levei o primeiro 'jab'. Acordei: “você acredita que fazendo coleta seletiva do seu lixo doméstico está realmente contribuindo para com o Meio Ambiente?”. Em outras palavras eu estava perguntando: se numa rua de 30 casas, e apenas uma fazendo coleta seletiva, isso vai realmente salvar o planeta? A resposta é não! lógico!, mas aquela casa estará fazendo a sua parte. Ao conseguir transpassar 10 anos de Sistema Penitenciário sem me corromper, ao ver uma boa parte dos meus colegas também mantendo-se íntegros, não sendo afetados nem pela corrupção, nem pela desvontade de realizar o serviço público, isso motiva a fazer a minha parte. É doloroso receber a notícia que um (não vou defini-lo nem como colega, muito menos como companheiro, motivos óbvios) foi pro outro lado, mas confesso que isso fortalece os que tentam permanecer no caminho correto, no caminho ético.
Veio então com outro argumento, agora de cunho pessoal: “não conseguiria conviver vendo tanta coisa errada sem poder fazer nada.”. Como bom jujiteiro, defendi e puxei o braço livrando o armlock, e já fui dando pressão na guarda: “Mas vivemos em um mundo onde as coisas erradas estão mais expostas do que os outdoors do viaduto Joana Bezerra. Ou você acredita que todas aquelas vagas azuis, destinadas aos idosos e deficientes físicos dos shopping’s, estão realmente ocupadas por idosos e deficientes físicos?” Isso só pra exemplificar uma ‘pontinha’ do nosso caos social. Conheço pessoas que já discutiram nos estacionamentos ao verem pessoas sem nenhum dos pré requisitos para ocuparem a vaga, descerem do carro e irem tranquilamente fazer compras, (ou assistir algo numa sala do Multiplex, onde, muito provavelmente , verá na telona a organização e a cultura dos Anglo Saxônicos, ou de algum país la de cima do equador, do outro lado do Atlântico, e dirá: isso é que é país, o Brasil é uma vergonha mesmo!).
Realmente, é revoltante. Mas precisamos daqueles que não se acomodem, não se conformem, e arregaçam as mangas e lutem pelo que acreditam ser correto.
Falo isso porque o Sistema, realmente, é entupido de coisas erradas. Não preciso de ninguém pra vim em dizer isso, eu sei, eu vivencio o Sistema. Mas o que muita gente não sabe, é que o celular que entra no presídio NÃO passa pela conivência da maioria dos que ali trabalham, muito pelo contrário. Boa parte dos nossos companheiros NÃO fecha os olhos para que ilícitos entrem nos presídios. Vibramos quando, em revistas nas Unidades Prisionais conseguimos apreender pedras e mais pedras de CRACK, celulares, carregadores, bebidas alcoólicas industrializadas, etc. A primeira pergunta que nos fazem é: como foi que isso entrou aqui? Alguns atenam que somos idiotas em festejarmos nossa comprovação de uma categoria corrupta. Entendo a indagação, e essa é muito pertinente e racional. Traduzo então que vibramos com as apreensões, porque na essência da alegria está o resgate de uma derrota, conseguiram nos driblar na entrada (nos enganar, podem até ter corrompido um dos nossos, mas não todos, não a maioria), corremos atrás e derrubamos a parada la dentro, botando a cara.
Detalhe, sei que essa colega deverá passar em um outro concurso sim, e até incentivo, só queria deixar claro é que onde quer que estivemos temos que acreditar no certo, ter atitude e compromisso. Quando tento colocar o meu tijolo PODE ATÉ NÃO FAZER A DIFERENÇA, MAS SEI QUE TO FAZENDO DIFERENTE.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Agentes Penitenciários de Pernambuco são verdadeiros Danieis..


Uma história descrita na Bíblia, uma das preferidas quando criança (e não escondo, até hoje)é a história de Daniel. Aquele que foi lançado em meio a cova dos leões.
Não sei se pelo fato de imaginar o Timbu calando a boca da leoa, ops!, ou melhor, do leão da coisa, inconscientemente me despertou, mas o fato é que hoje eu me sinto um Daniel.
Lembro do choque entre o aprendizado obtido no curso de formação para ser agente de segurança penitenciária (ASP), com o dia a dia dentro da realidade do sistema prisional brasileiro. Por muitas e muitas vezes me sentia como um Daniel em meio aos leões, lembro de as vezes me perguntar: "o que é que eu estou fazendo aqui?".
O jiu-jítsu, certamente, me deu uma ajuda, provavelmente pela autoconfiança que ele exercita em seu praticante a cada treino, mas, em mais de 99,9%, acredito, está a confiança e o poder de Deus! me "armadurando" em meio ao Sistema.
Mas então, fui lançado num sistema onde nem mesmo sabia qual a minha função ali. Quem eu era? polícia ou ressocializador? vingador, castigador ou "babá de preso"? por que eu era agente de segurança penitenciária mas trabalhava em um presídio?
Confesso que isso confunde, mas de uma coisa eu não tinha dúvida: em ser honesto ou ser bandido, há! disso eu nunca tive dúvidas. Graças a Deus! e Ele permita que continue assim, (seja onde for, seja onde eu estiver).
Com mais de 7 anos de trabalho, finalmente, fui compreender a função da prisão, o por quê de um indivíduo ter de ser preso por infringir uma tipificação penal, putável e culpavél. E com isso, finalmente, consegui identificar qual a minha verdadeira "contribuição social".
Ainda bem que o Curso de Formação dos novos ASP's (CFASP2011), onde eu já estava cotado para lecionar, isso devido a minha experiência como professor de jiu-jítsu, como pelos demais cursos em que invisto na área de Defesa Pessoal Policial,
veio após eu tomar a "pílula do Matrix" do Sistema, e conseguir entender, um pouco, como ele funciona.
Claro que não revelarei todos os erros, vícios, desestimulações e aberrações que presencio no Sistema.
Daniel, quando em meio aos leões, manteve-se confiante no poder de Deus, não lutou, nem fugiu, permaneceu firme.
É assim que nós, antigos e novos ASP's de Pernambuco, deveremos nos portar. Confiar em Deus. Mas não é só isso: ficar inerte, esperando que caia de mãos beijadas. Mas acreditar no seu trabalho, acreditar que o Sistema pode sim funcionar, cumprindo corretamente o seu papel social, enquanto o ASP se incumbe de fazer a segurança penitenciária.