sábado, 5 de fevereiro de 2011

Agentes Penitenciários de Pernambuco são verdadeiros Danieis..


Uma história descrita na Bíblia, uma das preferidas quando criança (e não escondo, até hoje)é a história de Daniel. Aquele que foi lançado em meio a cova dos leões.
Não sei se pelo fato de imaginar o Timbu calando a boca da leoa, ops!, ou melhor, do leão da coisa, inconscientemente me despertou, mas o fato é que hoje eu me sinto um Daniel.
Lembro do choque entre o aprendizado obtido no curso de formação para ser agente de segurança penitenciária (ASP), com o dia a dia dentro da realidade do sistema prisional brasileiro. Por muitas e muitas vezes me sentia como um Daniel em meio aos leões, lembro de as vezes me perguntar: "o que é que eu estou fazendo aqui?".
O jiu-jítsu, certamente, me deu uma ajuda, provavelmente pela autoconfiança que ele exercita em seu praticante a cada treino, mas, em mais de 99,9%, acredito, está a confiança e o poder de Deus! me "armadurando" em meio ao Sistema.
Mas então, fui lançado num sistema onde nem mesmo sabia qual a minha função ali. Quem eu era? polícia ou ressocializador? vingador, castigador ou "babá de preso"? por que eu era agente de segurança penitenciária mas trabalhava em um presídio?
Confesso que isso confunde, mas de uma coisa eu não tinha dúvida: em ser honesto ou ser bandido, há! disso eu nunca tive dúvidas. Graças a Deus! e Ele permita que continue assim, (seja onde for, seja onde eu estiver).
Com mais de 7 anos de trabalho, finalmente, fui compreender a função da prisão, o por quê de um indivíduo ter de ser preso por infringir uma tipificação penal, putável e culpavél. E com isso, finalmente, consegui identificar qual a minha verdadeira "contribuição social".
Ainda bem que o Curso de Formação dos novos ASP's (CFASP2011), onde eu já estava cotado para lecionar, isso devido a minha experiência como professor de jiu-jítsu, como pelos demais cursos em que invisto na área de Defesa Pessoal Policial,
veio após eu tomar a "pílula do Matrix" do Sistema, e conseguir entender, um pouco, como ele funciona.
Claro que não revelarei todos os erros, vícios, desestimulações e aberrações que presencio no Sistema.
Daniel, quando em meio aos leões, manteve-se confiante no poder de Deus, não lutou, nem fugiu, permaneceu firme.
É assim que nós, antigos e novos ASP's de Pernambuco, deveremos nos portar. Confiar em Deus. Mas não é só isso: ficar inerte, esperando que caia de mãos beijadas. Mas acreditar no seu trabalho, acreditar que o Sistema pode sim funcionar, cumprindo corretamente o seu papel social, enquanto o ASP se incumbe de fazer a segurança penitenciária.