terça-feira, 16 de março de 2010

POLÍCIA DEMOCRÁTICA


A noite está tensa, fomos avisados pelo rádio de um "informe" o que não nos deixou muito a vontade. É noite de domingo e tudo parece dentro da normalidade.
Alguns colegas foram jantar, estou na espera, irei assim que eles chegarem. Fronteiras nos deixam com uma sensação de pseudo poder, de controle total.
Os colegas chegaram, rindo bastante. Comum. Alguma estória, e porque não história, engraçada. Compartilharam a etiologia comediana (...) e disseram que reforçaram o pedido de atenção.
Quando do concurso, não pensava em está aqui, em uma fronteira, a quilômetros e quilômetros de distancia do litoral, convivendo com pessoas que nunca viram o mar (e isso é o normal). Mas, acredito que tenho a possibilidade de realmente mudar algo a nível social, já que por muito já fui vitima, e ainda sou, da chaga violência. Pois bem, eu e meus colegas, não todos, mas os que procuram se especializar, e tentar entender onde estão pisando, onde estão metidos, e tentar melhorar.
A fome pode esperar, vamos intensificar o bloqueio que este indivíduo pode realmente passar.
Por volta das 22 horas, um informe se concretizou, o carro furou nossa barricada, o que ocasionou um tiroteio.
Identificamos um único indivíduo atirando e mais ninguém envolvido. Ocorreu que um colega foi atingido, porém o poder de fogo do infrator era limitado o que ocasionou: posição ajoelhada, mão na cabeça e arma de fogo (pistola), com o ferrolho recuado, no chão.

- Perdeu! perdeu!...
- Perdi! perdi! perdi...
- Algema esse safado, ele acertou o Mario.

Graças a Deus o tiro pegou no braço, e o colega está bem, vai até conseguir uns dias de licença, sortudo!

O cara preso é Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, responsável pelo assassinato do cartunista Glauco e do seu filho, 25 anos, Raoni.

Perguntado ao mesmo o que ele sentiu quando estava armado, tendo o domínio sobre uma mulher, suas duas filhas e o seu marido, e diga-se, este um guia espiritual e cartunista de fama mundial. Ele respondeu: "Tô com uma arma na mão no meio do mato, apontando para um cara famoso. Olha, os caras vão me condenar à morte aqui no Brasil. Vão me 'f...' com a vida. Aí eu falei: você 'f...' com a minha, demorou, vou 'f...' com a sua também. Aí atirei nele"
Porém, é de suma importância, e quanto mais inadmissível que seja, mais correto se torna a ação dos policiais rodoviários, que não obtiveram benefício das brechas penais do Brasil, em pro da opinião e vontade comum.
O valor ético pesado em contrabalança com o senso comum gera um conflito na função de um policial, que em meio a tantos fatos de descrença do poder publico, ainda cumprem sua função de encaminhar para quem de direito o condene ou absorva.
Pois bem, ele (Carlos Eduardo) agora está no jogo, e uma brecha chamada de semi-imputabilidade mostra sinais de uma boa briga. Ótimo, se existe é para ser usado. Agora bom mesmo seria é se pudessem ser usados para todos.

Polícia Democrática, aparenta ser um desafio eternamente constantemente initerrupito ilimitado...

P.S.: Devida falta de narrativa sobre a ação no site oficial da PRF e nem da PF, a estória da abordagem supra citada não passa mera imaginação. Bem como, temos que parabenizar os verdadeiros autores, anônimos, da ação policial próxima de uma polícia democrática.

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